DAMIEN HIRST DEMITE FUNCIONÁRIOS

DAMIEN HIRST E O “FOCO NA SUA ARTE”

Damien Hirst decidiu demitir 50 empregados de seu estúdio, ou “fábrica”, onde confecciona vários trabalhos e séries. 

Sua produtora contou ao The Art Newspaper que a atual intenção do artista é “focar na sua arte” e “dispender mais tempo no seu estúdio”, em vez de tratar de assuntos administrativos de trabalho. Ela menciona que essa medida não tem intenção de reduzir custos, mas de retornar a uma maneira mais simples de produção.

Hirst também decidiu fechar seu restaurante, The Quay, e irá alugar ou vender três de suas propriedades. Seu plano para 2019 é abrir um estúdio em Londres, no Soho. 

A retrospectiva do artista, feita na Tate Gallery, contou com a participação de, no mínimo, 250 pessoas, segundo o jornal The Guardian. Entretanto, o número atual de funcionários não foi relatado.

O artista fez parte do “Young British Artists” ou YBAs, que dominaram a arte britânica nos anos 1990. O colecionador Charles Saatchi também foi uma figura importante para sua ascensão. Contudo, uma desavença em 2003 rompeu a parceria entre os dois. 

Em 1991, uma exposição em Londres mostrou um de seus trabalhos mais importantes: “The Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living”, um tubarão inserido em um imenso tanque de formol. Essa obra foi vendida, em 2004, por 10 milhões de dólares. O interessante é que o tubarão entrou em decomposição, sendo substituído por outro animal em 2006. Nascimento, vida e morte são temas desenvolvidos em seus trabalhos.

Tive a oportunidade de ver essa e outras obras na Tate Gallery, em Londres, em 2012. O tubarão estava na entrada da exibição. Outros animais decompostos estavam expostos no espaço da galeria, e uma coisa que me marcou foi a passagem entre dois “pedaços de vaca”. A sensação de andar entre o corpo do animal partido longitudinalmente, em duas partes, com os órgão exibidos, é desconcertante e angustiante. A perfeição do corte também impressiona. O artista, sem dúvida, pretende questionar o caráter existencial da condição humana, instigar e provocar o espectador. 

Além dessas obras, a exposição, que teve a maior visitação da história na ocasião, com 460 mil visitantes, contou com quadros de borboletas, que são símbolos de transformação e que me pareceram excessivamente kitsch. Outra série, chamada “Medicine Cabinets”, mostra vários remédios dispostos em plataformas que nos fazem questionar sobre o poder da ciência diante da morte inevitável. Também em exibição estavam as “Spot Paintings”, uma série de múltiplos pontos pintados com cores diversas e não repetidas, que pretendem imitar o trabalho de uma máquina, transparecendo que não há intervenção humana. A ideia é criar harmonia através da interação entre as cores.

Outra exposição que causou muita polêmica foi realizada em 2006, em Grenada. Foram exibidas 189 obras, todas à venda. Esculturas aquáticas que retratam lendas e mundos imaginários foram acusadas de serem cópias do trabalho de deCaires Taylor (realiza esculturas, também aquáticas, retratando o meio ambiente). Outra obra, “Golden Heads”, foi igualmente acusada por Victor Ehikhamenor de ser cópia do “Head of Ife”, uma escultura nigeriana encontrada em 1938. Seu escritório declarou que os trabalhos são provenientes de pesquisas e influências culturais de todo o mundo. 

O certo é que o artista, que possui fortuna calculada em 364 milhões de dólares, segundo o Sunday Times, é uma personalidade.  

A ameaça e o subsequente pensamento a respeito da morte estão presentes em várias de suas obras, que se tornaram icônicas: animais mortos exibem sua carne podre com inúmeras moscas; tecidos cancerosos, assim como coquetéis para portadores de  HIV, enfatizam o fim iminente. Da mesma maneira, o artista exibe o nascimento do seu filho. 

Outra obra do artista, um crânio com aproximadamente 8 mil brilhantes encravados, foi vendida por 100 milhões de dólares em 2007.

Enfim, seu trabalho enfatiza que somos impotentes diante da morte. Só nos resta esperar.

http://www.damienhirst.com/texts1/series/spots

http://dasartes.com/noticias/ame-ou-odeie-os-tesouros-de-damien-hirst-saiba-tudo-

https://www.infopedia.pt/$damien-hirst

https://pt.wikipedia.org/wiki/Damien_Hirst

https://artmotiv.org/2015/12/02/damien-hirstmeditacao-sobre-o-abismo/

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Helena Rios

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