GETA BRATESCU, uma artista inovadora

A artista romena Geta Bratescu morreu no mês passado, aos 92 anos. 

Este ano, um pavilhão na Bienal de Veneza foi dedicado aos 70 anos de carreira da artista. Seu trabalho também foi mostrado no Camden Arts Centre em Londres e na Documenta de Kassel e Atenas. 

Em 2011, a obra da artista também foi exibida em Barcelona e em Nova Iorque. Em 1983 e 1987, Geta representou a Romênia na Bienal de Veneza e também participou da Bienal de São Paulo.

Geta iniciou seus estudos tanto na Academia de Fine Arts, como na Faculdade de Letras e Filosofia em Bucareste. Esse fato certamente contribuiu para que seu trabalho tivesse um discurso visual que explorava a linha e a palavra, o desenho e a escrita. Em 1948, devido à ascensão do comunismo no país, a artista foi obrigada a abandonar a escola de Belas Artes, trabalhando como relatora de livros e ilustradora.

Na década de 1950, Geta participou da “União dos Artistas Finos”, uma organização que tinha o intuito de retratar a vida do “homem socialista”. Posteriormente, trabalhou com fotografias, muitas delas tiradas por seu marido, Mihai Bratescu, e com ilustrações. Nos anos 1970, dedicou-se a trabalhos com colagens e litografia, e na década seguinte desenvolveu a arte têxtil. 

Bratescu viveu sob o domínio socialista no pós-guerra, mas esse fato não determinou que sua obra fosse política. Uma das maneiras encontradas pela artista para escapar do tema político foi fazer uso da mitologia e usar o desenho como forma de descobrir o mundo. 

Um de seus temas é a Medeia, uma deusa que assassina os filhos para se vingar do marido, que a havia traído.

Ela conta que sempre quis desenvolver algo distinto, o que a levou a trabalhar com diversos materiais – suas composições misturam papel, tecido e objetos e têm uma base literária. Isso não seria possível somente com a pintura.

Seus autorretratos são considerados como “brincadeiras” apolíticas, não tendo por objetivo a retratação de temas feministas. Ela relata que são como “espelhos” que mostram como vamos envelhecendo. 

Bratescu dizia não ser influenciada por nenhum artista, mas sim por suas visitas a museus e catedrais em suas viagens por várias cidades. “Um projeto é criado na mesa de trabalho, não na cabeça. Arte é forma.” 

Enfim, sua liberdade tornou-a conceitual. 

“Penso no desenho como uma dança – que é um desenho no espaço. Se você não gosta de dança, não é possível criar essas coisas”, garante.

 

Referências / Fotos: 

https://frieze.com/article/one-most-outstanding-artists-our-times-geta-bratescu-1926-2018

https://frieze.com/article/geta-br%C4%83tescu-my-influences

https://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,artista-romena-geta-bratescu-morre-aos-92-anos,70002525617

https://www.calvertjournal.com/features/show/8620/geta-bratescu-romania-art-venice-biennale

Helena Rios

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