Quem acompanha meu blog vai se lembrar do texto a respeito do artista anônimo Banksy, publicado no dia 07 de agosto. Quem ainda não leu e tiver interesse, vale a pena conferir para tentar entender o que se passou no leilão em Londres no último dia 05 de outubro.
A Sotheby’s colocou à venda uma famosa obra de Banksy, intitulada “Menina com balão”. O leilão foi um sucesso, e a obra foi arrematada por 1 milhão e 42 mil libras (aprox. 5 milhões de reais). Contudo, após a venda, parte do desenho começou a se autodestruir, sendo literalmente picotado por um cortador escondido atrás da moldura.
O artista gosta de brincar com o público, utilizando-se de sátiras e fatos inusitados que chamam a atenção, a começar por ninguém, até hoje, saber sua real identidade.
O mundo da arte realmente está diferente. O fato de o quadro ter sido colocado em uma parede, em vez do suporte utilizado no leilão, somado ao peso adquirido após a inserção do cortador de papel nos faz pensar que a casa de leilão sabia da atitude do artista, sendo tudo arquitetado em conjunto.
O site do artista (www.banksy.co.uk) mostra o vídeo com as reações das pessoas no momento em que a máquina é ativada, por controle remoto.
A pintura foi criada em 2002. Em 2007, foi vendida por 37.200 libras. Em 2014, o artista utilizou a obra como meio de demonstrar solidariedade aos refugiados da Síria, tendo inserido no desenho #WithSiria. Em 2015, esta mesma obra foi removida de uma parede pelo Grupo Siracura e vendida por 500 mil libras.
Também em 2014, o artista Justin Bieber fez uma tatuagem do desenho, mas a atitude não foi bem aceita por Banksy, levando o cantor a removê-la.
Considerada a obra favorita na classificação do povo britânico, “Menina com balão” deve passar a valer mais do que o valor pago. Experts em arte estão sugerindo que o valor tenha dobrado com o incidente. Mas ainda não se sabe se o lance será validado ou não.
Esta ironia sem dúvida irá entrar para a história da arte contemporânea. A valorização da ideia, a interpretação do ato, a reflexão e a repercussão sobre o que ocorreu provavelmente aumentarão a cotação do artista.
Sua atitude é paradoxal. Em primeira instância, pode ser vista como uma crítica à ganância do mercado da arte, ao poder das casas de leilões e galerias. Contudo, o que ele faz é justamente trabalhar a favor desse mercado, já que sua arte passa a valer muito mais em poucos segundos. Na realidade, ele está parabenizando o mercado.
Viva a arte contemporânea!
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